Acompanhamento médico e monitorização do bem-estar durante a quarentena
A pandemia da Covid-19 e sua quarentena tem feito muitos pacientes postergar a ida ao consultório médico, mesmo durante o tratamento de algum problema grave, como crise hipertensiva, angina, ou para cuidados pré-natais.
Embora a Covid-19 continue sendo um problema que atinge toda a população e que requer muita atenção, não se pode deixar de lado a monitorização de outras doenças que afetam milhares de indivíduos todos os dias. Enquanto algumas pessoas não respeitam a quarentena tão necessária, outras seguem à risca as recomendações dos especialistas, mas chegam até a ter medo de se aproximarem de uma clínica ou hospital.
Por mais que seja compreensível tal temor, ele também é perigoso. Na Itália, o número de pessoas que sofreram paradas cardíacas aumentou 58% nos primeiros quarenta dias da quarentena no país, em comparação ao mesmo período no ano passado. O motivo é simples: muitas pessoas passaram mal, mas temeram procurar ajuda ou, quando procuraram, chegaram tarde ao hospital.
No Brasil, o mesmo parece acontecer. Segundo dados divulgados pelo InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), um dos principais serviços de atendimento cardiovascular do país, o número de pacientes que precisaram realizar uma angioplastia para desobstrução da coronária diminuiu cerca de 50% no mês de março. Isso pode significar que há um número maior de pessoas apresentando sintomas como a angina sem procurar ajuda médica.
O medo de pedir ajuda
Dados da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), também apontam queda de 40% nos serviços diagnósticos e ambulatoriais. Isso só prova que as pessoas parecem estar esperando o momento de pandemia passar para enfim procurar atendimento e realizar seus exames.
Há de fato exames que devem ser preferencialmente realizados quando motivos mais relevantes estejam presentes, como a endoscopia nos casos de sangramento, dificuldade na deglutição, ingestão de corpo estranho, entre outros sinais, já que esse exame gera aerossóis, que oferecem maior risco de transmissão da Covid-19. Entretanto, o paciente que apresenta dor ou outros sintomas de causa desconhecida, jamais deve deixar de pedir ajuda.
O acompanhamento médico ainda é realizado e qualquer pessoa pode e deve procurar a ajuda de um especialista mesmo no período de pandemia para continuar tratamentos ou quando notar a presença de algum sintoma ou sinal que não costumava apresentar. Exemplos são as doenças cardiovasculares, hipertensão ou diabetes, cujos remédios devem ser ajustados ao longo do tratamento, um cuidado que não pode ser deixado para depois.
“O controle dessas condições é fundamental até mesmo por causa da Covid-19” ressaltou a Dra. Paola Smanio, cardiologista do Grupo Fleury. “Sabemos que as doenças cardiovasculares aumentam o risco da infecção evoluir para quadros mais graves. Não dá para abandonar o acompanhamento até por causa disso”.
Smanio ainda destacou comportamentos comuns no período de quarentena que podem agravar problemas cardiovasculares preexistentes: “Muitas pessoas, talvez por maior ansiedade, por depressão ou até por se sentirem entediadas, passaram a comer mais, consumindo quantidades maiores de gorduras, açúcar e sódio, sem falar em bebidas alcóolicas. E também estão deixando de fazer atividades físicas”. Ela ainda revelou que esses pacientes retornam aos laboratórios com níveis maiores de glicemia, colesterol e ácido úrico, com aumento significativo no peso corporal e na pressão arterial, reflexo do sedentarismo e da nova dieta dentro de casa.
Alguns indivíduos, porém, felizmente estão superando o medo e buscando ajuda, principalmente por meio do atendimento domiciliar. “Aos poucos, esses pacientes voltam a fazer seus exames ou porque alguns laboratórios conseguem colhê-los em casa ou porque estabeleceram fluxos seguros, como marcação em intervalos de uma hora para evitar encontros em salas de espera” disse a médica.
Diagnóstico de câncer
Em meio à pandemia global da Covid-19, o acompanhamento e diagnóstico de câncer devem ser discutidos e personalizados. Seria prudente definir quais pacientes devem manter o rastreamento pelo risco aumentado, a investigação e a confirmação de malignidade, quais pacientes com câncer requerem cuidados mais urgentes e quais seriam as práticas mais adequadas e seguras para este público.
De maneira geral, para o câncer de mama existem duas situações:
“A primeira é daquela mulher que procura o serviço diagnóstico porque percebeu algo estranho, como um caroço no seio, uma alteração na pele, uma secreção pelo mamilo. Um sinal assim não pode ser ignorado até a pandemia passar. Ela precisa definir o diagnóstico o quanto antes”, diz a Dra. Giselle Mello, radiologista especialista em mama do Grupo Fleury.
A segunda situação seria a das mulheres que realizam a mamografia anualmente e não têm sintomas. Vale esperar até o fim da pandemia para a realização do exame? É nesse momento em que o bom senso entra em jogo: “Uma coisa é esperar dois ou três meses se a mamografia foi feita há um ano. E outra é postergar mais, quando a repetição já está muito atrasada”.
A principal questão é que ninguém sabe por quanto tempo a pandemia irá interferir nas condutas de triagem, embora a maioria concorde que as limitações persistirão pelos próximos meses. É prudente contrapor que o adiamento de detecção de muitos tipos de tumores terá consequências, ainda não mensuráveis quando a pandemia desaparecer.
Cuidados no pré-natal
Uma situação que tem preocupado a Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) diz respeito ao acompanhamento pré-natal, uma vez que muitas grávidas estão postergando as consultas médicas.
O cuidado pré-natal, que envolve as consultas regulares e a realização de exames, é importante para a diminuição do risco de complicações na gravidez tanto para a gestante quanto para o bebê. Realizar o acompanhamento é essencial para a manutenção de uma gestação saudável e, se tudo estiver dentro da normalidade, a quantidade de exames pode ser diminuída conforme orientação médica.
Por isso é sempre importante lembrar: grávidas devem procurar seus médicos e continuar o acompanhamento pré-natal, mesmo em tempos de Covid-19.
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