Novembro Azul e o Câncer de Próstata
A próstata é uma glândula localizada ao redor uretra, na frente do reto e abaixo da bexiga, que tem como importante função a produção do líquido prostático, um dos principais componentes do sêmen, que serve para nutrir, proteger e facilitar a locomoção dos espermatozoides. Ao longo da vida, ela vai crescendo pouco a pouco.
O câncer de próstata é caracterizado por uma multiplicação descontrolada das células dessa glândula. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, o tumor de próstata é a doença maligna mais frequente no homem, com estimativa de 65,8 mil novos casos no Brasil em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, o INCA. Homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença.
Na fase inicial, o câncer de próstata é assintomático. Mas, na medida em que o tumor se desenvolve, sintomas como dor nos ossos, vontade de urinar com frequência, dor ou dificuldade ao urinar e sangue na urina ou no sêmen podem ocorrer e devem servir de alerta. Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é fundamental que eles sejam investigados por um médico.
O diagnóstico precoce do câncer de próstata é muito importante, já que a detecção da doença e o tratamento oportunos podem ter impacto na chance de cura. Assim, recomenda-se que homens com mais de 50 anos procurem um profissional especializado para uma avaliação individualizada. Vale ponderar, contudo, que a sugestão de faixa etária é relativa e pode se modificar especialmente se houver história familiar.
Exames para Detecção do Câncer de Próstata
O antígeno prostático específico, ou PSA, é uma proteína produzida pela próstata e a sua dosagem, através da coleta de uma pequena quantidade de sangue, é útil no rastreamento do câncer nessa glândula. Contudo, um aumento do PSA pode também ocorrer em doenças não neoplásicas, como, por exemplo, a hiperplasia prostática benigna e processos inflamatórios denominados de prostatite. O toque retal, exames de imagem, como a ultrassonografia e a ressonância multiparamétrica da próstata, bem como a biópsia e o estudo anatomopatológico complementam e confirmam o diagnóstico.
Câncer de Próstata Hereditário e o papel do painel genético
A história familiar de câncer de próstata configura um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento desse tumor. A presença de irmão ou pai com a doença aumenta o risco em 3 e 2,3 vezes, respectivamente. Ademais, quanto menor a idade do parente afetado, maior é o risco.
Estima-se que de 5% a 10% dos casos de câncer de próstata sejam ocasionados primariamente por fatores genéticos herdados.
O painel genético para câncer de próstata hereditário auxilia a esclarecer situações clínicas dessa natureza. O exame utiliza, como método, o sequenciamento de nova geração (NGS), que tem a vantagem de analisar múltiplos genes de maneira simultânea, incluindo aqueles com riscos associados bem definidos, a exemplo do BRCA1 e BRCA2.
Convém ponderar, no entanto, que o painel genético para câncer de próstata hereditário deve ser oferecido apenas para determinados pacientes e que seus resultados requerem uma interpretação dentro de um processo de aconselhamento genético.
Impacto dos testes genéticos na seleção terapêutica – o que há de novo?
Os avanços nos estudos moleculares indicam que alterações tanto germinativas quanto somáticas em diferentes genes podem ter papel na predição de resposta clínica a tratamentos direcionados em variados tipos de neoplasias, incluindo o câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm).
Definido como câncer de próstata que apresenta progressão clínica, biológica e/ou radiológica em vigência de níveis séricos de testosterona compatíveis com castração (50ng/dL), o CPRCm é uma doença heterogênea, de tratamento desafiador.
Sabe-se que até 30% desses pacientes têm alterações patogênicas em genes envolvidos na via de reparo por recombinação homóloga do DNA. Entre esses genes, destacam-se ATM, BRCA1 e BRCA2, assim como BARD1, BRIP1, CDK12, CHEK1, CHEK2, FANCL, PALB2, PPP2R2A, RAD51B, RAD51C, RAD51D e RAD54L, cuja perda de função pode se associar a tumores de próstata mais agressivos.
Dessa forma, alterações nesses genes podem conferir sensibilidade ao tratamento com drogas chamadas de inibidoras da PARP (PARPi), como o Olaparibe. Um estudo publicado em maio de 2020 no New England Journal of Medicine concluiu que, para homens com CPRCm que apresentaram progressão da doença durante o tratamento com enzalutamida ou abiraterona e nos quais foram identificadas alterações nos genes envolvidos na via de reparo por recombinação homóloga do DNA, o tratamento com Olaparibe foi associado a um melhor desfecho em comparação aos que mantiveram tratamento apenas com enzalutamida ou abiraterona.
Tal estudo motivou a recente aprovação, pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA), da utilização deste PARPi em pacientes com CPRCm com progressão da doença após tratamento com enzalutamida ou abiraterona e que apresentam mutações germinativas ou somáticas patogênicas ou provavelmente patogênicas em um dos genes envolvidos na via de reparo por recombinação homóloga do DNA.
Tal estratégia terapêutica ressalta uma outra importante aplicação do painel genético para câncer de próstata hereditário.
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