Como o tabagismo afeta redes de proteínas seminais

A data de 29 de agosto foi nominada como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, hábito que pode prejudicar a saúde em diversos âmbitos. Com o intuito de verificar uma possível sinergia entre o tabagismo e os efeitos da varicocele no proteoma do plasma seminal, os pesquisadores responsáveis pelo artigo “Seminal plasma protein networks and enriched functions in varicocele: Effect of smoking” realizaram um estudo com 25 voluntários fumantes com varicocele e 24 não fumantes.

As amostras obtidas foram utilizadas para uma análise convencional do sêmen, uma análise funcional (considerando a fragmentação do DNA, a integridade do acrossoma e a atividade mitocondrial) e um estudo da proteômica, utilizando a abordagem shotgun.

Publicação científica

Durante a pesquisa, os fumantes apresentaram volume ejaculado, porcentagem de espermatozóides progressivamente móveis, morfologia e contagem total de espermatozóides menor do que os dos voluntários não fumantes, enquanto demonstraram possuir maior porcentagem de espermatozóides imóveis, células redondas e contagem de neutrófilos. Além disso, os fumantes apresentaram menor atividade mitocondrial e integridade do acrossoma, enquanto manifestaram maior fragmentação do DNA.

Foram identificadas e quantificadas 421 proteínas no plasma seminal, sendo uma exclusiva, 21 hiperexpressas e 70 subexpressas no plasma seminal dos voluntários fumantes. Também verificou-se que as proteínas endopeptidase neutra, beta-defensina 106A e histona H4A são capazes de prever qual dos grupos era composto por fumantes.

Com base nos resultados, os pesquisadores puderam concluir que homens tabagistas apresentam um perfil seminal de proteínas inflamatórias, caracterizado pelo aumento das proteínas que possuem funções ligadas ao sistema imune (defesa) e a inflamação. Estes achados tornam-se interessantes nesses pacientes que apresentam varicocele, pois esta é uma doença caracterizada pela drenagem insuficiente das veias dos testículos, o que pode levar ao acúmulo, no testículo, das toxinas do cigarro. O tabagismo como condição clínica na população masculina tem grande importância mundial, pois a maioria dos homens que fumam estão em idade reprodutiva.

Autores e co-autores do trabalho

Esse trabalho é mais um fruto de uma parceria de longa data com o grupo do Prof Dr. Ricardo Bertolla da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fizeram parte deste importante trabalho os pesquisadores: Mariana Antoniassi, Larissa Belardin, Mariana Camargo, Paula Intasqui e Ricardo Bertolla da Unifesp e os pesquisadores Karina Cardozo e Valdemir Carvalho, do Grupo Fleury.

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