Padronização global do imunoensaio FT4: uma revisão na opinião de um especialista
25 de maio – Dia Internacional da Tireoide
A data é um alerta para a conscientização a respeito das doenças relacionadas à Glândula da Tireoide. Ainda que a incidência de disfunções seja maior no sexo feminino (10% das mulheres acima de 40 anos e aproximadamente 20% das que têm idade superior a 60 anos apresentam alguma disfunção na tireoide), homens também podem apresentar distúrbios tireoidianos.
Neste dia, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) faz o lançamento da Lista de Recomendações de Tireoide do Choosing Wisely Brasil (CWB).
Sobre a Glândula da Tireoide
Localizada na região cervical, anterior à traqueia, a tireoide é uma glândula que produz hormônios, como a tiroxina, que estimulam o metabolismo das células.
Os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) são responsáveis pela coordenação do metabolismo de maneira harmônica, atuando em órgãos importantes como cérebro, coração, rins, fígado e pele, podendo influenciar no humor.
Além disso, o seu funcionamento tem influência em todos os períodos de nossas vidas, podendo afetar desde o desenvolvimento e o crescimento na criança, até o metabolismo, a função de diversos órgãos e a fertilidade em adultos.
Nervosismo, insônia, inquietação, desânimo e até mesmo a depressão podem não estar correlacionados à alterações psicológicas, e sim, ter relação com disfunções na tireoide. Dentre os principais problemas, podemos citar:
- Bócio –aumento do volume da glândula tireoide, seja de forma difusa ou nodular.
- Hipotireoidismo – baixa atividade da glândula em consequência da queda na produção dos hormônios da tireoide.
- Hipertireoidismo – aceleração do metabolismo celular em decorrência do aumento excessivo da produção de hormônios tireoidianos.
Vale lembrar que, todas estas situações trazem consequências negativas para a saúde.
Cabe acrescentar ainda que, a tireoide pode aumentar de tamanho homogeneamente ou na forma de nódulo(s), benigno ou maligno. Em relação aos nódulos de tireoide, em média 10% da população adulta é portadora de nódulo palpável em seu pescoço, podendo aumentar com o avanço da idade. Contudo, somente 5% dos nódulos são malignos.
Diagnóstico das disfunções da Glândula da Tireoide:
A regulação da secreção de hormônios da tireoide é realizada pelo hormônio tireotrófico (TSH), produzido pela hipófise.
No hipotireoidismo, o TSH se eleva para estimular a glândula e quando a tireoide está “hiperfuncionante”, o TSH fica suprimido.
Para a avaliação da função tireoidiana, os exames indicados são: o TSH, o T4 e o T3. O atual valor normal do TSH sérico é de 0,4 a 4 mUI/L.
No entanto, algumas instituições recomendam a redução desses valores, ressaltando que 95% da população dos indivíduos eutireoidianos saudáveis apresentam um TSH sérico entre 0,4 e 2,5 mUI/L.
Como fazer o Autoexame da Tireoide
1 – Posicione-se em frente a um espelho e procure no seu pescoço a região logo abaixo do Pomo de Adão (popularmente conhecido como gogó). Sua tireoide está localizada aí.
2 – Estenda a cabeça para trás para que esta região fique mais exposta. Focalize-a pelo espelho.
3 – Beba um gole de água e engula.
4 – Com o ato de engolir, a tireoide sobe e desce. Observe se há alguma protrusão ou nódulos na sua tireoide. Atenção: Não confunda a tireoide com seu Pomo de Adão. Repita este teste várias vezes até ter certeza.
5 – Ao notar protrusões, procure o Endocrinologista.
Publicação Científica: Padronização global do imunoensaio FT4: uma revisão da opinião de especialistas
O recente artigo sobre diferentes análises laboratoriais da tiroxina livre, revelou que os resultados podem variar entre os diferentes ensaios de tiroxina livre (FT4). A padronização global melhoraria a comparabilidade dos resultados entre laboratórios, permitindo o desenvolvimento de valores de referência clínica comuns baseadas em evidências.
O estudo descreve um resumo sobre o caminho para a padronização dos ensaios de FT4, e os desafios associados aos testes de FT4 em populações especiais, incluindo a necessidade de esforços colaborativos para estabelecer intervalos de referência específicos na população.
O Comitê da Federação Internacional de Química Clínica e Medicina Laboratorial para Padronização de Testes de Função da Tireoide realizou estudos de comparação e recalibração do método de imunoensaio FT4 e desenvolveu um procedimento de medição de referência que está sendo validado atualmente.
A padronização dos ensaios de FT4 mudará substancialmente os resultados de alguns dos testes disponíveis no mercado; portanto, um grande programa de educação será necessário para garantir que as partes interessadas estejam cientes dos benefícios da padronização do FT4, do procedimento de transição planejado e do impacto clínico potencial das mudanças.
A recalibração do ensaio pelos fabricantes e a simplificação do processo de aprovação pelas autoridades regulatórias ajudarão a minimizar o impacto clínico da padronização.
Resumo
O painel de especialistas concorda que os imunoensaios padronizados são necessários para atender às necessidades clínicas e de saúde pública modernas, e para aumentar a confiança dos profissionais de saúde no uso seguro de dados laboratoriais para a tomada de decisões clínicas.
A padronização dos testes de FT4 facilitará a interpretação precisa dos dados laboratoriais da função tireoidiana, garantindo assim o atendimento ideal ao paciente.
O painel também reconheceu que o teste FT4 padronizado se traduzirá em decisões clínicas alteradas em uma minoria relativamente pequena de casos, o que significa que algumas partes interessadas podem questionar se o esforço e os recursos necessários para a padronização superam o benefício clínico. É essencial que todas as partes interessadas estejam engajadas e alinhadas para que a padronização seja alcançada com sucesso.
Conclusão
O progresso significativo já foi feito na padronização de procedimentos para testes de FT4, mas os desafios técnicos e de implementação permanecem, incluindo o estabelecimento de limites de decisão clínica em diferentes populações de pacientes e educação de todas as partes interessadas.
As experiências de programas de padronização anteriores fornecem uma visão valiosa sobre os problemas potenciais que podem surgir e nos permitem planejar estratégias para superá-los. Sem um forte envolvimento das sociedades clínicas e sem a adoção de diretrizes e padrões clínicos na comunidade de endocrinologia, a educação e aceitação dos valores FT4 padronizados não funcionarão.
Autores: Juergen Kratzsch , Nikola A. Baumann , Ferruccio Ceriotti, Zhong X. Lu , Matthias Schott , Antonius E. van Herwaarden , José Gilberto Henriques Vieira , Dusanka Kasapic and Luca Giovanella
Palavras-chave: tiroxina livre; imunoensaio; valor de referência; estandardização; tireoide
Artigo aberto – Link: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/cclm-2020-1696/html
Nosso time
Fizeram parte deste importante estudo, o médico endocrinologista, José Gilberto Henriques Vieira, do Grupo Fleury, ao lado de Juergen Kratzsch, Nikola A. Baumann , Ferruccio Ceriotti, Zhong X. Lu , Matthias Schott, Antonius E. van Herwaarden e Dusanka Kasapic and Luca Giovanella.
Quer saber mais?
O arquivo está disponível online, na íntegra, em inglês. Clique aqui e confira.
#OrgulhoDePertencer #SouGrupoFleury #Ciência #Inovação #DiaInternacionalDaTireoide
Alzheimer é uma das principais causas de demência no mundo, com cerca de 100 mil novos casos sendo...
VENCEDORES NA CATEGORIA DETECÇÃO DE PADRÕES 1º Lugas Huna Diagnóstico precoce de pré-eclampsia por modelos de Inteligência Artificial...
Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A data de 03 de dezembro foi instituída pela Organização das Nações...