Utilidade da ecocardiografia speckle tracking e biomarcadores para detectar rejeição celular aguda após o transplante cardíaco

O Brasil é o segundo país do mundo no ranking de transplantes realizados. Para garantir esse posicionamento, é fundamental a atuação do Ministério da Saúde, dos governos estaduais, das entidades e profissionais de saúde em todo o processo de doação e transplantes.

Vale lembrar que este é um processo extremamente delicado, que depende de diversos fatores, incluindo a competência dos(as) profissionais, o estado geral de saúde do(a) paciente e a confiança da população no sistema. De acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), o número de transplantes cardíacos, em 2020, teve queda de 16,7%, e essa taxa (1,5 pmp) foi igual à obtida no primeiro semestre de 2014. Na região Sudeste, a taxa não se modificou e a região Centro-oeste teve diminuição menor (16,7%) que as regiões Sul (44,5%) e Nordeste (53,3%). A região Norte não realizou transplante cardíaco neste período. Esta redução ocorreu em decorrência do período da pandemia da Covid-19.

Dia do Cardiologista

Instituído pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o dia 14 de agosto é quando o coração fala mais alto. O Dia do Cardiologista surgiu para valorização deste importante profissional e para lembrar a sociedade da importância de ter hábitos saudáveis para manter a saúde do coração.

O alerta se justifica, uma vez que, de acordo com o Ministério da Saúde, quase 30% dos óbitos registrados no país são devido a doenças cardiovasculares. Vale lembrar que grande parte dessas doenças não tem cura, sendo fundamental o acompanhamento médico com o cardiologista.

Publicação Científica

Com o título “Utilidade da ecocardiografia speckle tracking e biomarcadores para detectar rejeição celular aguda após o transplante cardíaco” (Usefulness of speckle tracking echocardiography and biomarkers for detecting acute cellular rejection after heart transplantation), esta publicação traz relevantes considerações referentes a rejeição do transplante de coração.

 

Segundo o artigo, a rejeição celular aguda (RAC) é uma das principais complicações após o transplante cardíaco. A biópsia endomiocárdica (EMB) é o padrão ouro para o diagnóstico de problemas cardíacos, mas apresenta complicações preocupantes. Foi avaliada a utilidade da ecocardiografia speckle tracking (STE) e biomarcadores, para detectar ACR após o transplante cardíaco.

 

Método Utilizado

Para a realização deste trabalho científico, foram estudados prospectivamente 60 pacientes transplantados com função sistólica ventricular direita e esquerda normais. Estes pacientes foram submetidos ao EMB 6 meses após o transplante.

Para estabelecer o grupo de controle foram avaliados 60 indivíduos saudáveis ​​pareados por idade e sexo. Antes do transplante, foram analisados os seguintes parâmetros ecocardiográficos convencionais: distensão global ventricular esquerda longitudinal, radial e circunferencial (LV-GLS, LV-GRS e LV-GCS, respectivamente), torção sistólica do ventrículo esquerdo (torção LV) e distensão longitudinal da parede livre do ventrículo direito (RV-FWLS). Também foram mensurados os biomarcadores no mesmo momento.

 

Resultados

Entre os 60 pacientes estudados, 17 (28%) tinham ACR grave (grau ≥ 2R) e 43 (72%) não tinham ACR significativo (grau 0 – 1R). Os valores absolutos de LV-GLS, LV-twist e RV-FWLS foram menores em pacientes transplantados com grau ACR ≥ 2 R do que naqueles sem ACR (12,5% ± 2,9% vs 14,8% ± 2,3%, p = 0,002; 13,9 ° ± 4,8 ° vs 17,1 ° ± 3,2 °, p = 0,048; 16,6% ± 2,9% vs 21,4% ± 3,2%, p <0,001; respectivamente), enquanto não foram observadas diferenças entre o LV-GRS ou LV-GCS.

Todos esses parâmetros foram menores no grupo de transplante sem ACR do que no grupo de controle sem transplante, exceto para a torção do VE. Os níveis de troponina I cardíaca foram significativamente maiores em pacientes com ACR do que em pacientes sem ACR [0,19 ng / mL (0,09–1,31) vs 0,05 ng / mL (0,01–0,18), p = 0,007].

A combinação de troponina com LV-GLS, RV-FWLS e LV-Twist teve uma área sob a curva para a detecção de ACR de 0,80 (0,68-0,92), 0,89 (0,81-0,93) e 0,79 (0,66-0,92), respectivamente.

Conclusão

O estudo concluiu que pacientes com transplante de coração apresentam dinâmica ventricular esquerda alterada em comparação com indivíduos controle.

Segundo esta pesquisa, a combinação de troponina com parâmetros de cepa teve maior acurácia para detecção de ACR do que as variáveis ​​isoladas. Essa associação pode selecionar pacientes com maior risco de ACR que se beneficiarão de um procedimento de EMB no primeiro ano após o transplante cardíaco.

 

Autores(as) do artigo

Cecilia Beatriz Bittencourt Viana Cruz, Ludhmila A. Hajjar, Fernando Bacal, Marco S. Lofrano-Alves, Márcio S. M. Lima, Maria C. Abduch, Marcelo L. C. Vieira, Hsu P. Chiang, Juliana B. C. Salviano, Isabela Bispo Santos da Silva Costa, Julia Tizue Fukushima, João C. N. Sbano, Wilson Mathias Jr & Jeane M. Tsutsui

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Nosso time

Fizeram parte deste importante estudo, os médicos cardiologistas, Cecilia Beatriz Bittencourt Viana Cruz, Márcio Silva Miguel Lima, Hsu Po Chiang, João Cesar Nunes Sbano, Wilson Mathias Junior e Jeane Tsutsui, do Grupo Fleury. Ao lado de, Ludhmila A Hajjar, Fernando Bacal, Marco S Lofrano-Alves, Maria C Abduch, Marcelo L C Vieira, Juliana B C Salviano, Isabela Bispo Santos da Silva Costa e Julia Tizue Fukushima, do Instituto do Coração (InCor).

 

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