O FAN e a identificação de doenças autoimunes
O FAN é um importante exame para a identificação de autoanticorpos.
O chamado FAN, exame quantitativo de anticorpos produzidos por doenças autoimunes se desenvolveu, mas sua análise carece de cuidados. Sabemos que, na medicina, os diagnósticos são baseados principalmente na história clínica e exame físico.
No entanto, frequentemente são necessários exames laboratoriais para confirmação ou detecção de alterações não aparentes clinicamente. Autoanticorpos são anticorpos que reagem contra estruturas do próprio organismo, sendo uma característica importante das doenças autoimunes.
Sobre o FAN
O exame chamado FAN permite o rastreamento da presença de autoanticorpos e fornece três informações básicas: 1) a presença ou ausência de autoanticorpo; 2) a concentração dos autoanticorpos, quando presentes; 3) o padrão morfológico. Este último indica os possíveis tipos de autoanticorpos presentes. Por si só, o FAN não fornece resultado específico desta ou daquela doença. Contudo, o exame direciona a investigação para outros biomarcadores mais específicos.
Por outro lado, um resultado negativo de FAN é também um achado importante, pois praticamente exclui algumas doenças. Só para exemplificar, podem ser citadas: o lúpus eritematoso sistêmico e a síndrome mista do tecido conjuntivo. Outras doenças têm o seu diagnóstico menos provável, mas não impossível, em vista de um FAN negativo. Como é o caso da hepatite autoimune, a colangite biliar primária, a esclerose sistêmica, a síndrome de Sjögren, a polimiosite e a dermatomiosite.
Em geral, exames com alta sensibilidade (positivos na maioria dos casos de uma doença) tendem a ter menor especificidade. Trata-se de uma característica de testes que só são positivos para determinado biomarcador. O exame de FAN é muito sensível, porém, pouco específico. É possível encontrar o FAN positivo em cerca de 13% da população geral. Contudo, estes indivíduos podem não apresentar nenhum problema de saúde. Portanto, quando solicitado de forma indiscriminada, pode dar resultados positivos, que não se encaixam no contexto clínico adequado. É consenso que o FAN é um ótimo exame de triagem em pacientes com quadro clínico sugestivo de doenças autoimunes sistêmicas.
A necessidade de exames específicos
O fato é que o exame de FAN pode se mostrar como um método de screening para autoanticorpos presentes no sangue. No entanto, ele não é destinado a especificar quais são esses anticorpos. Por isso, dependendo do contexto clínico e dos padrões apresentados nos exames de FAN, é indicada a realização de testes adicionais. Assim sendo, estes exames adicionais visam a identificar autoanticorpos específicos, ou seja, associados a determinadas afecções autoimunes.
Abaixo é possível conferir algumas doenças autoimunes e os autoanticorpos específicos que podem auxiliar o médico na busca do diagnóstico de uma doença autoimune:
Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
Os principais autoanticorpos do lúpus são o anti-DNA nativo e ou anti-nucleossomo. Ambos observados em cerca de 40-60% e 60-75%, respectivamente, dos pacientes não tratados. Em casos de remissão, os resultados desse teste podem se mostrar negativos. Aliás, esses dois autoanticorpos podem ajudar no monitoramento do tratamento do lúpus
O anti-Sm é outro autoanticorpo altamente específico. Ele pode ser identificado em 15% a 30% dos pacientes. Já os anticorpos antiproteína P ribossomal podem ser identificados em 10% a 15% dos lúpicos.
Síndrome de Sjörgen e LES
Há casos que um ou mais marcadores podem ser aplicados para identificar mais de uma doença autoimune. É o caso dos testes de identificação dos autoanticorpos anti-SS-A/Ro e anti-SS-B/La, que ocorrem em 35% e 15%, respectivamente, dos pacientes com lúpus. Contudo, vale ressaltar que, eles também aparecem com maior frequência na síndrome de Sjögren: 60% e 40%, respectivamente. Vale lembrar que o anti-SS-A/Ro pode ocorrer também em alguns pacientes com esclerose sistêmica e polimiosite.
Esclerose sistêmica
Esta doença também tem o seu rol de autoanticorpos. Em sua forma difusa (comprometimento extenso da maior parte da pele) ocorrem anticorpos anti-Scl-70 (20% a 30% dos pacientes), anti-RNA polimerase III (15 a 20%) e anti-fibrilarina (5 a 10%). Já nas formas com comprometimento limitado da pele (mãos, antebraços, pés e face), o principal biomarcador é o anticorpo anticentrômero (70% dos casos).
Polimiosite e dermatomiosite
As miopatias inflamatórias idiopáticas compreendem um grupo de doenças como a polimiosite, dermatomiosite, miosite necrosante, síndrome antissintetase e miosite por corpúsculos de inclusão. A saber, há um grande número de autoanticorpos, que servem como biomarcadores dessas diversas formas. O anti-Jo-1 é um dos mais tradicionais. Trata-se de um marcador para a síndrome antissintetase, quando além do comprometimento muscular é frequente o envolvimento dos pulmões. Em relação à dermatomiosite, o biomarcador mais tradicional é o anti-Mi-2. No entanto, novos autoanticorpos, como o anti-MDA-5 são importantes principalmente para formas com comprometimento predominantemente da pele e mínimo comprometimento muscular. Alguns autoanticorpos sinalizam a possibilidade de associação da miosite com câncer, como o anti-TIF1-γ e o anti-NXP-2. De grande interesse são os marcadores de miosite necrosante, como o anti-SRP e o anti-HMGCR.
Granulomatose com poliangiíte (granulomatose de Wegener)
A granulomatose com poliangiíte (GPA) é uma vasculite associada aos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA). A doença se caracteriza por inflamação granulomatosa e necrosante em vias aéreas e vasculite sistêmica. Acomete predominantemente vasos de pequeno calibre, como vênulas, capilares e arteríolas. Sinusopatia destrutiva, nódulos pulmonares e glomerulonefrite são as principais manifestações da GPA. O ANCA detectado em pacientes com GPA tem o padrão citoplasmático (C-ANCA) associado a anticorpos antiproteinase 3 (PR3-ANCA). Este marcador pode ser detectado em cerca de 80% a 90% dos portadores da forma sistêmica da GPA em fase ativa.
Poliangiíte microscópica
A poliangiíte microscópica (PAM) é uma vasculite associada ao ANCA. A doença se caracteriza por vasculite necrosante de vasos de pequeno calibre, frequentemente associada à glomerulonefrite. Cerca de 70-80% dos casos de PAM apresentam resultados positivos para o exame de ANCA com padrão perinuclear (P-ANCA), geralmente associado aos anticorpos antimieloperoxidase (MPO-ANCA). Entretanto, esse anticorpo também é encontrado em 35% dos casos de granulomatose eosinofílica com poliangiíte (GEPA), previamente conhecida como síndrome de Churg-Strauss. Do mesmo modo que também são notados em 30% a 40% dos portadores de síndrome de Goodpasture.
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